Ano e meio volvido temos Trump nos Estados Unidos, temos o Brexit, temos uma vitória à rasca do candidato ecológico na Áustria e temos a não-vitória do partido de Wilders na Holanda. Das duas eleições europeias referidas (Áustria e Holanda) cantámos vitória a quem quisesse ouvir ignorando que nos dois casos a extrema direita teve mais votos do que nos actos eleitorais anteriores.

Depois de atravessar em barcaças um Mediterrâneo que lhe deu o privilégio de não os engolir para depois vomitar sem vida. Depois de atravessar a pé uma Europa onde neste outono floresceu mais o arame farpado que a flor de laranjeira. Depois de serem fechados em campos de concentração na Hungria e alimentados, como animais, com parcos viveres jogados sobre o redil. Depois de verem os seus valores retirados pelo governo dinamarquês (…)

Perante este avanço na direcção neoliberal outra solução não restou aos partidos Socialistas europeus, vazios de outro sentido fundamental que não o combate à esquerda de massas (nota: ler a esse sujeito sobre a origem dos termos bolchevique e menchevique), outra solução que não a de “apanhar o comboio” para não se verem deixados para trás. Esta deserção da esquerda moderada face aos valores de esquerda não foi sem consequências, como pudemos atestar aqui há uns anos na cisão do PS francês.