A outra perspectiva do fim da ditadura Fascista portuguesa é o Fascismo. O que a embaixada portuguesa no Luxemburgo nos diz é que o Fascismo e o fim deste estão ao mesmo nível. Pois não estão. Um tiraniza e ou outro liberta, um destrói e o outro constrói. Se a embaixada portuguesa no Luxemburgo quisesse realmente apresentar outra perspectiva teria convidado historiadores africanos. Esses sim, dar-nos-ão a outra perspectiva. A perspectiva de quem ganhou a liberdade, de quem pode deixar de ser cidadão de segunda, de quem deixou de precisar de baixar a cabeça e dizer “sim patrão”.

O meu voto nunca será útil. Será sempre político e representativo daquilo em que eu acredito. Hoje, o meu voto vai para aquele, talvez o único, que mostrou estar empenhado no respeito da constituição e que alinha com os que nunca se encolheram perante a ameaça do fascismo. Aqueles que, como os abetos, de pé fazem face à ameaça subterrânea e subcutânea que nos ameaça o ecossistema social.

O espaço público tem sido invadido por um crescendo vozear contra tudo o que é diferente, com um nivelar da opinião pública por baixo, ressurgindo em força o ódio e a mentira que julgávamos enterrado desde 9 de Maio de 1945. O deputado André Ventura é exímio na arte de explorar e manipular a opinião pública usando destes e outros métodos. Nada daquilo que proclama (e não se pode dizer que um catavento defenda seja o que for excepto a sua liberdade de andar à roda) poderá ter o meu agrado ou apoio. Muito antes pelo contrário. As ideias que veicula, o oportunismo com o faz, e a redução ao absurdo de todo e qualquer debate terão sempre a minha mais profunda oposição.

Ano e meio volvido temos Trump nos Estados Unidos, temos o Brexit, temos uma vitória à rasca do candidato ecológico na Áustria e temos a não-vitória do partido de Wilders na Holanda. Das duas eleições europeias referidas (Áustria e Holanda) cantámos vitória a quem quisesse ouvir ignorando que nos dois casos a extrema direita teve mais votos do que nos actos eleitorais anteriores.

O desejo de acabar com todas as guerras, subjacente ao sonho europeu, é um mero castelo de areia. Será preciso bem menos que as minas alemãs na costa oeste da Dinamarca para o derrubar.
E, no entanto, continuamos a colocar, todos os dias, minas nesta praia de areias finas que, juntos, escolhemos percorrer.