Longe vão os tempos em que a minha formação política se fazia em conversas e com músicas. Chego mesmo a olhar com alguma complacência a minha inocência de então. Mas, apesar disso, ou talvez por isso mesmo, viro-me muitas vezes para o FMI do José Mário Branco para me ajudar a entender esse ser político que é o Português.

O que me parece, acho eu, é que a esquerda identitária além de ser divisiva, além de ser individualista, e não procurar consensos, antes os repelir, procurar fazer alianças apenas com as pessoas do mesmo grupo, concentra a sua acção na reivindicação de que as minorias estejam representadas no 1% que controla 90% dos recursos, e menos no facto de 1% controlar 90% dos recursos.