Non ou a vã glória de mandar

Diz o Jornal do Centro que o Presidente do Município de Mortágua, José Júlio Henriques Norte, que aqueles que defendem que se promova uma alternativa à monocultura do eucalipto que “até esta data [não foram] capaz de vir dar a cara e apresentar argumentos que demonstrem que o tipo de floresta existente em Mortágua e na região não é o mais adequado”. É sobejamente conhecida a arrogância e soberba com que o edil se dirige àqueles que não lhe fazem vénias. Aprendeu-a, aliás, durante os seus 24 anos enquanto número 2 do município. Vê-se agora que podem tirar um homem de segundo lugar mas por vezes o segundo lugar não sai do homem.
O modelo de exploração tão querido ao autarca, mais não é que um deixa andar. Sempre assim foi aliás. Começa com violações flagrantes da lei com as quais ele foi e continua a ser conivente, como tive hipótese de dizer aqui em 2007, ainda ele era, de jure, figura com capacidade secundária. Fui aliás destratado pelo então (e agora de novo) presidente da Assembleia Municipal.
No entanto, e ciente de que as coisas não podiam ser deixadas andar sem regras, a Agenda Municipal, na sua edição de Dezembro de 2007, dá à estampa um alerta das regras básicas a cumprir. Ainda assim, de lá para cá foi um desprezar total das normas legais e de bom senso.

Quando acusa os outros de serem cobardes e não darem a cara, eu estou aqui. Sem medo algum. Longe por obrigações da vida, mas bem presente e consciente.
Lanço-lhe desafio semelhante, desacobarde-se e encomende um estudo sobre o impacto do eucalipto na biodiversidade do concelho a que preside. Sobre os efeitos da monocultura nos solos.

E depois lanço-lhe outros:

  • assine duma vez por todas, um protocolo de financiamento permanente com os bombeiros, em vez de andar a fazer folclores para retirar dividendos políticos;
  • faça estudar a produção do eucalipto – se o diz assim tão bom, a menos que considere que nada mais há a aprender, que se estude como melhorar.

É que, apesar de todos os pátrios murros no peito, nunca se tomou medida alguma para o real desenvolvimento do sector florestal em Mortágua. Nada. Fez-se um cais de embarque ferroviário que não tem acessos nem dimensões para uma utilização consequente. Não se tem um projecto rodoviário integrado para permitir o escoamento da madeira extraída.

E quando quiser chamar fundamentalista a alguém, pergunte-se primeiro quem é que se acantonou em dogmas que, apesar de ter os meios, nunca se preocupou em fazer confirmar – talvez por medo que os desmintam.

Haja decoro, caro autarca. E mais respeito por TODOS aqueles que são de Mortágua e que o acolheram de braços abertos sem nunca lhe perguntaram de onde vem para se outorgar tamanha soberba.