Como muitos portugueses espalhados por esse mundo fora tenho férias planeadas na “terrinha”. O plano é ir no fim de Agosto e aproveitar o sossego da primeira quinzena de Setembro. Para conseguir fazer a coisa mais em conta, e deixar mais dinheiro para a cabidela de leitão e para a chanfana, marquei com tempo os bilhetes na companhia aérea portuguesa – já em Janeiro, se a memória me serve.
Chegada da pandemia a terras dessa Europa “nascida na Ásia profunda e filha do rei fenício Agenor”, como a canta o Fausto nesse fabuloso a que deu o nome de Para Além das Cordilheiras, e consequente cancelamento, a dada altura, de todas as ligações aéreas fui mantendo o olho nos meus voos para saber como agir.
Com o avançar do tempo foi sendo visível que as minhas ligações, entre o Luxemburgo e o Porto, não constavam dos planos de voo registados pela TAP. Tentei contactar múltiplas vezes a lusa companhia aérea por email, através do formulário disponível no site e pelo Facebook. A resposta veio tão só pelo Facebook dizendo que os meus voos continuavam a estar previstos, apesar de eu poder verificar que não estavam nos planos da companhia.
Entretanto, e porque o seguro morreu de velho, tomei as provisões necessárias para poder ir de carro. Mas sempre com um olho nos voos planeados para poder, na eventualidade do seu cancelamento, pedir o seu reembolso.
Qual não foi o meu espanto quando, ontem, ao visitar o espaço das minhas reservas no site da TAP, verificar que os voos tinham sido cancelados e que o voo de regresso, tão só o de regresso, tinha sido alterado para o dia seguinte ao previsto. Ora, nem o cancelamento nem a alteração me foram comunicadas. Decidi-me a telefonar para o número de apoio ao cliente, nem que isso fizesse perigar a minha saúde mental devido à longa exposição àquela música fanhosa que se houve enquanto se espera.
Lá atenderam. Indaguei o meu interlocutor sobre a situação da reserva com o código ABC123. Foi-me dito que os meus voos tinham sido cancelados. Perguntei quando. Após alguns engasgos e ensaios de desculpas foi-me dito que não era possível nem saber quando foram cancelados nem que tinham forma de o saber ou mesmo de me pôr em contacto com o pudesse saber. Após o tradicional pressionar com uma voz mais grossa lá me foi dado um outro número de contacto.
Confesso que ainda não telefonei. Possivelmente nem vou telefonar. Vou aguardar para ver quando é que a TAP se vai dignar a informar-me que não tenho forma de, pensam eles, ir de férias.
Mas há uma questão que se me acomete… quantos mais desses centenas de milhares ou milhões de compatriotas contam, como se diz em bom português, com o ovo no cú da galinha e vão perceber, a um punhado de dias da almejada viagem, que não têm como visitar a família? Até quando pretende a TAP ignorar os seus clientes e não cumprir com a obrigação que tem de informar aqueles que já pagaram as viagens, algumas a peso de outro, que não vão ter como viajar.